domingo, 15 de agosto de 2010

Filmes com Finais Felizes

    Quando assistimos filmes com finais felizes com casais ficando juntos e tudo certo no final, não nos dá uma vontade de transformar nossa vida em um filme? Como se existisse sim uma parte difícil, mas que será superada e no fim tudo estará resolvido, pois igual diz aquela frase “no fim tudo dá certo”.
    Pode ser que essa vontade seja só em mim, não sei. Mas algo dentro de mim me faz sentir essa grande vontade do filme ser a minha vida. Que o tempo de duração seja algumas horas e não anos, que os problemas fossem fáceis de serem superados e os amores na maioria das vezes sempre dão certo. Quanta ilusão! E incrível que em todos os filmes que assisto (que dão certo no fim) eu penso assim.
   Aí, depois do término do filme, quando vamos comparar a nossa vida com a da personagem principal percebemos que as condições financeiras são diferentes, que o cabelo dela é mais hidratado que o meu, que as roupas são mais legais que as minhas e que o rapaz que ela está apaixonada é um galã com bons modos e costumes. Percebemos que são vidas um pouquinho diferentes e que nem sempre dá pra se fazer ou falar as frases usadas no filme.
   Naquele filme A Nova Cinderela com a Hilary Duff, onde ela se passa por uma “princesinha” do mundo atual com toda aquela história de encontrar o príncipe via bate papo e depois conhecê-lo pessoalmente em um baile à fantasia, faz de nós meninas a imaginar que temos um galã nos esperando com uma rosa para nos entregar em um jardim imensamente belo. Também nos faz imaginar que os vilões terão o pagamento das contas no final. Mas sabemos bem que em nossa vida não é nada disso.
   Pessoas maldosas que nos fazem sofrer e chorar todas as noites não vai receber o sofrimento em dobro, que sua atitude boa no passado não vai interferir no seu destino hoje ou então que aquele cara que estudou com você na quarta série vai continuar a gostar de você mesmo depois de 10 ou 20 anos. Sabemos bem que não vai ser assim, nem mesmo se fizermos o “script” perfeito, pois não somos nós quem traçamos o nosso destino. E nesse destino podem aparecer várias surpresas, sejam elas boas ou ruins.
   E ao falarmos em surpresa esperamos muito que sejam agradáveis. Esperamos que no próximo Dia dos Namorados estejamos com um namorado perfeito de causar inveja, que vamos receber um buquê de rosas vermelhas em um dia comum na faculdade, que em um passe de mágica aquela loja preferida esteja toda em liquidação. Mas e quando isso não acontece? Quando já é o terceiro ano que você passa o Dia dos Namorados sozinha, que não recebe flores desde a sua formatura e que não sobra uma graninha extra pra comprar uma blusinha nova sequer?
   O ruim é quando são surpresas desagradáveis, como por exemplo, a morte de alguém querida, um zero em uma prova importante, uma doença, uma depressão. E aquela historia do final feliz do filme? Das coisas que dão certas no final? Simplesmente a gente esquece e segue em frente?
   Acho que com essa decepção toda que percebemos que nossa vida não é um filme e nem uma história em que se pode mudar o final acaba criando uma ilusão dentro de nós. Uma ilusão que desde pequenas, nós meninas/mulheres, levamos pro resto da vida. Não sei se você se lembra que em todas as historinhas contadas em nossa infância o “e viveram felizes para sempre” sempre estava presente e o “The End” nos finais do filme sempre tinha uma música de superação, de vitória. E ai, coitadas de nós que crescemos vendo tudo isso e criamos a história com o final perfeito em nossas cabeças e ai que cresce aquela idéia que temos um príncipe encantado.
    Ai voltamos ao início do texto, nesse ciclo vicioso da ilusão pela vidinha perfeita. Mas no fundo no fundo sabemos que nada disso existe, a não ser na nossa cabeça... E nos nossos sonhos.

Um comentário:

  1. Olá Brenda!
    Identifico-me contigo neste texto.. Ando sempre à procura de finais felizes, há pouco tempo li um livro em que o final não era de todo feliz e senti-me muito triste. Como se eu fizesse parte da história e conhecesse aquelas pessoas.

    muitos beijinhos
    Cláudia

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